Style Vintage: Cristóbal Balenciaga para Balenciaga X Nicolas Ghesquièri

CRISTÓBAL BALENCIAGA PARA BALENCIAGA

Rememorar a carreira do saudoso Cristobal Balenciaga é um exercício de encontro com a moda, vista na ordem da arte. O grande estilista deixou de herança criações profundamente valiosas e vangardistas. Aliás, Balenciaga se inscreve na história da moda como um estilista que revolucionou shapes e mudou conceitos.

Ele foi um dos resposáveis por construir outro lugar para as mulheres que não as suas casas, tirando-as dos salões de baile, onde monsieur Dior havia colocado-as, para o interior das ruas e cafés de Paris.

Balenciaga costurava para a mulher chique e vanguardista, respeitando o contexto onde vivia: uma sociedade patriarcal, machista e elitista.

Assim, suas criações demoravam de 2 a 4 anos para saír de um continente ao outro. Havia um processo de oxigenação e afincamento de suas coleções muito maior que na contemporâneidade e são esses principais pontos que exigiam de Cristóbal tecidos luxuosos e de qualidade, bem como cortes perfeitos, volumes exatos, drapeados virtuosos milimétricamente editados. Essa era a narrativa da época roupa boa, chique, durável e perfeita em sua manufatura....algo que para mim não existe mais...culpa das máquinas!!!

Por conta da Guerra Civil española, a España, terra de origem de Cristóbal, perdeu de tê-lo costurando, produzindo e residindo por lá. Bom para a França, que acolheu muito bem a Balenciaga e seu legado virtuoso, vanguardista e, sobretudo, histórico. As criações do mestre espanhol eram lapidadas e contruídas pontuando as formas, volumes e cortes impecáveis.

NICOLAS GHESQUIÉRE PARA BALENCIAGA

FALL2009

Graças ao fato de Balenciaga ter sido tão único, Nicolas Ghesquière, diretor criativo da marca hoje, é tão diferente, tão distante do mestre. Isso para mim é ótimo, não temos o direito de achar que Ghesquière tem que filiar-se impreterivelmente as criações de Balenciaga.

A COLEÇÃO HIT PARA MIM: FALL 2009.

O PLISÉ E A ESTAMPA MÁRMORE JÁ FIXARAM LUGAR NA HISTÓRIA DA MODA.

FALL2009

SPRING 2010

FALL 2010

Acho muito interessante a posição de Nicolas, sobretudo, porque vivemos em um momento de resgate intenso, onde o corte da moda gira em torno de nomes como : Dior, Coco Chanel, Louis Vuitton, Jeanne Lanvin, ou seja grandes nomes e nessa narrativa tudo aquilo que escapa dos grandes nomes não vinga, não aparece. Mas oque importa é que Ghesquière faz esse movimento oposto, ele é ele e aparece, engrandece sendo ele mesmo, com suas referências, filiações também dos grandes nomes claro, pois não há história sem o resgate da história, mas ele faz esse resgate e consegue se inscrever na própria história. E isso é lindo... isso é arte

RESORT 2011

SPRING 2010

FALL 2010

SPRING 2010

Você já se perguntou se antes desses estilistas fundadores ( como Dior, Lanvin, Coco Chanel e Balenciaga), nunca se fez moda, nunca se viu outros? eu já e isso me intriga muito!!!

E os outros?

E as fontes de Balenciaga?

Onde estão as fontes de monsieur Dior?

Sim, porque as de Galliano a gente sabe!

E as de Marc Jacobs para a Louis Vuitton gritam: "pobre Marc não pode se livrar dos malditos logos"!!!

E ai pensando em tudo isso eu me pergunto: e as fontes de Nicolas Ghesquière? em que fonte ele bebe??? quais suas filiações?

Certamente há um lugar em suas criações para Balenciaga, mas temos que estar atentos, porque revendo as suas coleções eu penso mais uma vez: "Ghesquière foi mais ele", mais uma vez ele driblou Cristóbal e isso é arte, isso é fazer história de forma valente, mesmo quando se luta contra um fantasma ( no bem sentido claro) gigantesco como "Cristobal Baleciaga: o grande"